Racismo — Ignorado até no Evangelicalismo
Imagem: Pixabay |
Houve três casos de racismo em minha vida que são curiosos para mim. Esses dois casos tem relação direta com evangélicos. O
primeiro é até “suave”; o segundo, bem grave.
Quando eu era novo, entre 10 e 11 anos, fui tirar
satisfação (como se eu fosse causar algum dano, risos) com um coleguinha que
era meu vizinho porque ele havia me chamado de macaco. Eu fui à casa dele, e
sua mãe estava próxima. Eu disse o que ele havia dito de mim, e ela disse que
era mentira porque o filho dela “era evangélico”. Sim, a justificativa que ela
me deu foi que seu filho era evangélico e, portanto, ele não poderia ser
racista. Sim, ele me chamou de macaco . E ela não sabia disso. Poderia ser um
caso isolado, mas não foi. O segundo caso é bem mais complicado.
Já adulto, eu ouvi de um obreiro de minha antiga igreja uma
piada “cristã” que é a seguinte: “Deus
criou o homem. E o diabo, para imitar a Deus, decidiu criar um homem, porém da
cor negra. O diabo achou aquele homem muito feio, e, por causa disso, deu um
soco no nariz dele. É por essa razão que os negros têm o nariz amassado”.
Você não leu errado. Era exatamente isso. Uma maravilhosa
piada “cristã”, piada que não tinha nem um pingo de graça. Este obreiro sempre
fazia piadas com preto, piadas em que o preto sempre era um ser inferior, uma
criação demoníaca. Passei essa informação
ao pastor dirigente (que é preto) na frente do obreiro, quase entrei em vias de
fato com o tal obreiro — algo do qual não sinto nem um pouco de orgulho —, e o pastor
nos fez chegar a reconciliação. Horas mais tarde, o pastor me ligou e me
perguntou como eu estava. Passamos muitos minutos conversando sobre isso; e ele
tratou aquilo, corretamente, como pecado. O pastor ainda afirmou que o tal obreiro
poderia não ser salvo e que ele deveria se arrepender do pecado de racismo.
No terceiro caso, foi uma situação rápida e eu já era pentecostal. O pastor, um obreiro e eu fomos à casa de uma irmã para orar. Um garoto (neto de uma irmã e sobrinho ou filho de outra) me mostrou o seu brinquedo com bastante entusiasmo. Na casa, o único preto era eu. O menino, não sei como, conseguiu perder seu brinquedo e ficou procurando. Coincidentemente, quando estávamos nos despedindo, saudando os irmãos com a paz do Senhor, o garoto correu em minha direção e perguntou se eu estava com o brinquedo dele. Foi o único adulto para quem ele perguntou. Sua avó, constrangida, o repreendeu, dizendo que aquilo é feio.
Compartilhei essas experiências é com o intuito de fazê-lo refletir e perceber que o racismo existe independentemente
de relação com preconceito de classe social. Também para deixar claro, caso haja dúvidas, que racismo
é pecado.
É claro que na igreja há aqueles que precisam ser alcançados
pela graça divina. Há pecadores na igreja, há pessoas que necessitam de transformação,
serem regeneradas de fato. E Relativizar um pecado ou justificá-lo, como alguns
cristãos fazem com o racismo, é o mesmo que justificar ou relativizar qualquer outro
pecado. Em outras palavras, é pecado.
Que Deus nos ajude e nos dê graça a fim de que não nos esqueçamos
do segundo mandamento (Levítico 19.18; Mateus 22.39; Marcos 12.31)
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