Preto não é Palmeirense


Quantas vezes após dizer que sou palmeirense eu ouvi "mas você é negão"? Muitas vezes. Nunca entendi a relação entre ser negão e não poder ser palmeirense. Vez ou outra, alguém inventa (talvez por eu ser preto) de me chamar de "corintiano". Será que, devido a cor, não posso nem escolher um time para mim?

Meu carinho pelo verde começou cedo, desde criança em meio a uma família corintiana (a única palmeirense de minha família, além de mim, foi a minha avó materna). Sempre gostei da cor e aprendi a gostar do time. Meu carinho começou a nascer no ano do fim do jejum (1994), porém eu não gostava de futebol naquela época. Pelo menos, não como hoje. Quando passei a gostar mais do esporte, passei a falar mais de meu time. Aí, certa vez, um tio meu disse que não gosta do Palmeiras porque o time era racista. De fato, a equipe levou praticamente 30 anos após sua fundação para ter um jogador preto. Ele foi o Og Moreira, o Toscaninho, o primeiro preto no Verde e jogou exatamente no ano em que o time mudou seu nome para Sociedade Esportiva Palmeiras.

Houve outras ocasiões em que eu ouvi isso do Verde ser racista. É claro que incomoda, é triste seu time ter esse passado. Mas, conforme disse, foi no passado. Quantos pretos brilham no Verde? Vários! Basta ver a final do brasileiro sub-20 deste ano vencida pelo Verde. Endrick é branco? Marcos Assunção é branco? Zé Roberto, responsável pelo resgate do orgulho de ser Verde, é italiano? Gabriel Jesus (Glória, Glória!) é italiano? É verdade, a equipe foi fundada por imigrantes italianos, mas nasceu em uma nação supermiscigenada, o Brasil de meu Deus!

Foto: Fabio Menotti, galeria de mídia do Palmeiras 


Quanto ao fato de eu ser preto e ser palmeirense, digo o seguinte: meu time foi — pretérito perfeito — racista, e eu sou — presente do modo indicativo — livre para torcer por quem eu quiser.


Recomendo a leitura dessa matéria da imprensa Palmeirense, a página Nosso Palestra

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